quinta-feira, 30 de outubro de 2014

A Venezuela é logo ali...

Ontem à noite o Banco Central surpreendeu todos com um pequeno aumento da taxa Selic. A taxa subiu para 11,25%, de 11,00%, sinalizando uma preocupação com a inflação (gostamos da independência do BC, sempre velando pelo melhor para os brasileiros).

Obviamente, durante a campanha, a presidente negou que houvesse algum problema com a inflação e que subir os juros significaria mais dinheiro para os banqueiros e menos para a população.

Não gostamos de comentar sobre política no blog, mas é impressionante como as coisas evoluíram desde a reeleição da presidente.

Em apenas 3 dias, tivemos uma queda brusca no valor das empresas estatais, uma alta de juros, volatilidade imensa nos mercados em geral (o dólar então nem se fala), a liberação dos médicos cubanos para praticar a medicina livre no país (fora do projeto Mais Médicos “Cubanos”, desrespeitando o acordo com o CFM), a tentativa de um plebiscito sobre a reforma política (Venezuelização do país), início de conversas com Cuba para levar a indústria farmacêutica brasileira para esse país (produção de genéricos e similares na ilha e exportação dos mesmos para a América Latina), a assinatura de “Acordos” entre o MST e a Venezuela (com total anuência do governo) e a libertação do criminoso José Dirceu. Isso em apenas 3 dias!! Realmente eles estão trabalhando...


Imagina como será o Brasil no final do quarto ano de mandato da presidente, que ainda nem começou...

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Começaram as desculpas para o aumento do QE?

James Bullard, presidente do FED de St Louis, deu uma entrevista à Bloomberg há algumas horas. Nessa entrevista, ele disse que uma grande preocupação do FED hoje é com a inflação e com as expectativas de inflação, que estão baixas e caindo.

Segundo Bullard, a Europa é fonte de inquietação, já que o crescimento e as expectativas de inflação estão desabando.

Sua recomendação é que o FED utilize uma cláusula que ele mesmo criou, segundo a qual o Afrouxamento Monetário (QE) pode ser aumentado ou diminuído, de acordo com a divulgação de novos dados Com isso, Bullard sugere que o FED não termine o programa de QE na próxima reunião do FED (amplamente esperado pelo mercado), para mantê-lo “vivo” e que espere até dezembro para ver se há alguma mudança de rumo na Europa.

Com esse artifício, o FED pode muito bem aumentar o programa de QE (uma surpresa para o mercado, mas exatamente o que nós esperamos), para não deixar a deflação se abater sobre os EUA. É o que vimos falando há tempos – não haverá alta de juros (pelo menos não por vontade do FED) e o programa de QE deve ser retomado e aumentado. Para obter mais efeitos, a dose de QE deve ser elevada.

Não acreditamos que o que os EUA (ou qualquer outro país) precisem é de mais inflação. Com mais pessoas fora do mercado de trabalho e com as novas vagas sendo criadas em empregos de baixo valor agregado, o que o trabalhador precisa é de preços baixos. Como que uma pessoa comum pode se beneficiar se o seu salário não sobe e as coisas de que ela precisa  ficam cada vez mais caras? Como isso pode gerar empregos e crescimento? Juros baixos geram inflação dos preços dos ativos que beneficiam uma parcela pequena da população (detentores de empresas, imóveis, ações, etc), ao mesmo tempo em que pune todos com preços altos (elevação do custo de vida).

O que os EUA precisam agora é de juros altos para corrigir os excessos da bolha. É um remédio amargo, mas deve ser tomado o quanto antes, para salvar a vida do paciente. Infelizmente não acreditamos que o FED irá administrar esse remédio ao paciente agora...

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Mais Números...

Foi divulgado hoje o índice Empire State de atividade da manufatura. Ele recuou de 27,54 para 6,17 em outubro. Destaque para as quedas nos subíndices de Encomendas (de 16,86 para -1,73) e Embarques (de 27,08 para 1,12).

Depois de um número ruim, nada como outro... As vendas no varejo também recuaram (0,3% em setembro).

A parte interessante é que esse número ainda foi sustentado pela alta dos automóveis. Estamos diante de outro subprime, o dos automóveis – posição que vimos falando há algum tempo.

O governo vem fomentando a compra de automóveis novos com sua política de juros zero e isso tampouco acabará bem. Até onde for possível, as vendas de veículos vão subir, os executivos das montadoras receberão gordos bônus e políticos serão eleitos com base nessa “melhora” aparente. Infelizmente, sabemos de antemão que eventualmente a conta chega e, quanto mais demorar, mais cara fica.

Por último, foi divulgado também o índice de preços ao produtor - deflação de 0,1% na comparação mensal.

Com isso, vários “experts” estão prevendo que o FED deve demorar um pouco mais para elevar os juros. Como vimos falando há anos, o FED não pode subir os juros sem causar o estouro da bolha que ele mesmo criou. Caso os juros subam, os mercados acionários, de bônus e de residências despencarão – o que anulará toda a política de crescimento pelo chamado “efeito riqueza” (quando o preço dos ativos sobe, as pessoas se sentem mais ricas e gastam mais dinheiro, estimulando a economia).

Assim, infelizmente, acreditamos que o FED vai continuar com sua política de juros zero até que os mercados se dêem conta de que tal política não pode acabar nunca sem uma grave crise. E não descartamos um novo programa de QE.


Continuamos apostando no ouro (que já subiu 5% desde a nossa última publicação) como um bom hedge contra a insanidade dos Bancos Centrais.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Jobs Report

O tão aguardado Relatório de Emprego dos EUA saiu na sexta-feira passada. Esperava-se a criação de 215 mil novas vagas, mas o número veio (aparentemente) melhor que o esperado, com a criação de 248 mil.

Além desse número, a taxa de desemprego recuou para 5,9%, a menor taxa desde antes da crise iniciada em 2008.

Após a divulgação desses números, o mercado começou a preocupar-se com o movimento do FED e já começou a precificar um aumento da taxa de juros antes do esperado. Com isso, o dólar se fortaleceu e o ouro caiu para o menor patamar nesse ano, assim como a Bolsa norte-americana também caiu.

O absurdo dessa taxa de desemprego é notado ao se ver a participação no mercado de trabalho, que caiu para o menor nível desde 1976!!! Hoje existem mais de 90 milhões de americanos fora do mercado de trabalho. Não conseguimos ver isso como exemplo de uma economia vibrante e em pleno crescimento!!!

Além disso, o que os números não mostram é a qualidade dos empregos criados – de baixo valor agregado. De acordo com esse relatório, se um emprego horário integral é perdido e são criados dois empregos de meio-horário cada, há um ganho de um emprego na economia. Ainda que esses novos empregos de meio-horário tenham um salário total menor que o do emprego de horário integral, que não tenham os mesmos benefícios e que sejam totalmente incapazes de manter uma família, para o mercado o importante é que foi criado um emprego novo!


Continuamos afirmando que não há recuperação na economia norte-americana e que o ouro pode ser um bom hedge contra a insanidade dos Bancos Centrais, que manterão os juros próximos a zero por um período muito superior ao que o mercado estima. Aqueles que estão no mercado acionário hoje são como pessoas catando moedas à frente de um trator. A não ser que venha mais um programa de QE (provável), recomendamos cuidado.