quarta-feira, 30 de julho de 2014
Bloomberg
Bonds are rallying from the U.S. to Germany to Australia amid speculation the Federal Reserve will disappoint investors looking for signals it’s moving closer to raising interest rates from a record low.
terça-feira, 15 de julho de 2014
QE sem fim
Há pouco mais de uma semana, saiu
o tão esperado “Jobs report”. Segundo ele, o número de empregos criados no mês de
junho nos EUA foi de 288 mil, um número muito acima do esperado. Claro, mais um
vez não podemos olhar os detalhes desse relatório, senão acabamos descobrindo que ele foi, na verdade, muito
pior do que o esperado.
Além disso, segundo o mesmo
relatório, a taxa de desemprego caiu para 6.1%. Essa queda não ocorreu porque
mais gente foi empregada, mas porque mais gente saiu do mercado de trabalho. A
participação no mercado de trabalho caiu para o menor nível dos últimos 35
anos, 62.8%.
Dos empregos criados no mês de
junho, 275 mil foram part-time e apenas 13 mil foram full-time. Assim, quando o governo anuncia que
foram criados 288 mil empregos, na
verdade, ele está somando o número de empregos part-time criados aos empregos full-time.
Imagina o que aconteceria se o
governo reportasse somente os empregos full-time líquidos: iríamos ver a
destruição de mais de 500 mil empregos
no mês de junho. Imagina como o mercado receberia essa notícia: ao invés do Dow
estar batendo recordes acima de 17.000 pontos, sabemos exatamente para qual
direção ele iria.
Como já vimos falando há bastante
tempo, não há recuperação nenhuma na economia e o Dow está subindo,
simplesmente porque há uma quantidade imensa de dinheiro novo entrando na
economia. Sim, o QE está sendo reduzido, mas ainda é criado do nada mais US$45
bilhões todo mês. A taxa de crescimento do dinheiro na economia desacelerou,
mas continua crescendo. As ações estão subindo, porque o dinheiro está perdendo
valor contra ativos reais. E o Dow a 17.000
pontos está em um nível mais baixo do que estava no ano 2000, se descontada a
inflação.
Como há anos dizemos, somos
contra qualquer política de estímulos. Estamos há seis anos convivendo com
juros zero e compra de bônus de hipotecas e do governo sem que nada tenha mudado
– a não ser o tamanho do pepino que vamos ter que encarar. Se essa política
fosse funcionar, já teria funcionado. Se a economia norte-americana estivesse
mesmo saudável como dizem os economistas, ela não precisaria de juros zero e
estímulos.
E por que há tantas empresas
demitindo funcionários full-time e contratando part-time? Como várias empresas
já declararam, elas querem sair do enquadramento no Obamacare. Obviamente, o
emprego part-time remunera bem menos e tem menos benefícios que um emprego full-time.
E muitas dessas pessoas que estão perdendo o emprego full-time estão voltando
para a mesma empresa que as demitiu e
também procurando outros empregos para conseguir pagar as contas. Assim, um
emprego full-time é destruído e são criados dois empregos part-time, que agregam menor valor para a sociedade.
Mas isso não importa para o
departamento de estatística do governo. Eles computam esse emprego full-time
perdido e dois part-time ganhos, e contabilizam como se houvesse sido criado um emprego no geral.
A economia não está vibrante, não
está crescendo. Se a economia estivesse crescendo, estaria gerando vagas
full-time e outros tipos de empregos, não de garçons, zeladores, copeiros, etc.
Isso, sem considerar que é uma tarefa árdua manter uma família, pagar uma
hipoteca, trocar o carro, etc. com um emprego part-time.
Na semana anterior havia saído o
número do PIB dos EUA - e o número foi péssimo por sinal. Houve uma contração
do PIB de 2.96%, que acabaram arredondando para 2.9%. Se pelo menos o
arredondamento tivesse sido feito corretamente, viríamos uma queda de 3%.
Claro, a culpa toda foi do inverno. Isso, apesar desse inverno não ter sido o
mais frio da história dos EUA; mas, definitivamente, foi um dos piores em
resultado do PIB. A única coincidência que notamos foi que o PIB começou a
sofrer depois que o FED iniciou o corte do QE – isso, sim, impactou o PIB
norte-americano.
A culpa não é do clima, a culpa é
de uma reestruturação enorme que está ocorrendo na economia norte-americana,
uma mudança de empregos full-time para empregos part-time e uma mudança de
empregos que pagam bem para aqueles que pagam mal.
A inflação acumulada nos EUA nos
últimos 12meses acabou de passar dos 2% (2.1%) e a taxa de desemprego (de
acordo com o cálculo deles) reduziu para 6.1%. Como sabemos, o ponto a partir
do qual o FED declarou que iria começar a elevar a taxa de juros seria quando a
taxa de desemprego chegasse a 6.5% ou a inflação passasse de 2%. Claro, as duas
marcas foram atingidas, mas não há nenhuma possibilidade do FED subir a taxa de
juros. Caso o FED o fizesse, veríamos o quão fugaz é essa dita recuperação da
economia.
Agora que já chegamos à marca de
2% de inflação, os Bancos Centrais estão tentando convencer a população de que
um pouco de inflação é bom – não é! A inflação faz com que todos percam poder
de compra e reduzam seu padrão de vida. O grande debate na Europa é sobre uma
possível deflação e seus efeitos perversos na economia.
Ninguém gostaria de ver uma
deflação – já imaginou se as coisas que compramos caíssem de valor e nós
pudéssemos comprar mais? Que coisa horrível... O grande exemplo que temos é o
setor de tecnologia. Um telefone celular custava cerca de US$5.000 há alguns
anos e o custo da ligação era proibitivo. Poucas pessoas tinham acesso a essa
tecnologia. Hoje dispomos de celulares muito mais modernos (que até fazem
ligações) por uma fração do preço e o número de usuários disparou. Um exemplo de
que a deflação é saudável e aumenta a qualidade de vida da população.
Infelizmente, não vemos um final
feliz para essa política expansionista. Com a impressão desenfreada de dinheiro
e o aumento nas liberações de crédito, reforçamos nosso conselho de proteção
aos investidores: manter uma boa parte do patrimônio em ativos líquidos (CDBs,
LCAs, LCIs, etc.) e em ativos reais geradores de renda. Tentar ganhar um pouco
mais parece uma estratégia bem perigosa e pouco lucrativa, como catar moedas à
frente de um trator.
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