Chegamos
a mais um fim de ano com nossas previsões se concretizando: nada de aumento nos
juros dos EUA e piora substancial da situação brasileira. E, claro, é
importante ressaltar que nunca erramos nossa previsão anual de que todos os
analistas vão errar as previsões! Queremos manter para 2015 essa nossa
tradicional previsão.
Vale
lembrar que os especialistas esperavam no começo do ano um crescimento do PIB
do Brasil de quase 2% em 2014 e teremos sorte se crescermos 0,2%, ou 10% do
esperado. Além disso, a inflação, que abandonou há tempos a meta (agora só se
fala no teto da meta), continua a aumentar.
A
situação brasileira é bem complicada e há de se esperar um agravamento até pelo
menos meados de 2015; isso se a administração de Joaquim Levy à frente da
Fazenda tiver autonomia para fazer o certo (coisa ainda não provada no governo
Dilma).
O
ano de 2014 terminou de maneira triste para o Brasil. Escândalos de corrupção
cada vez maiores e sem punições, inflação subindo, PIB caindo, dólar nas
máximas (apesar da atuação do BC), alta nos juros, preços represados, etc. Isso
porque o segundo governo Dilma ainda nem começou... Realmente a pior das
notícias é que ainda faltam 4 anos para ela sair (com uma boa dose de otimismo,
o PT ficaria no governo por mais “apenas” 4 anos; mas aí a dose tem que ser
cavalar).
Temos
esperança que 2015 será um pouco melhor. Obviamente, o Brasil pagará um preço
por uma péssima administração nos últimos anos, mas é melhor pagar esse preço o
quanto antes. Assim, se os preços represados forem repassados ao consumidor, veremos
um aumento na taxa de inflação, que levará certamente a um aumento na taxa de
juros. Isso é um remédio amargo, mas que deve ser tomado.
Com
o novo ministro da Fazenda, a contabilidade criativa deve diminuir seu ímpeto e
teremos boas possibilidades de um ajuste sério.
Não
acreditamos em PIB alto em 2015 e a inflação deve continuar alta. Isso com uma
ajudinha do dólar. Ao contrário de todo o mercado, não esperamos um dólar forte
para 2015, visto que não acreditamos na possibilidade do FED aumentar a taxa de
juros nos EUA em 2015. Isso decerto ajudará o Brasil, assim como preços de
combustíveis mais baixos.
Achamos
importante falar sobre os EUA e nossas perspectivas para 2015. Uma vez mais,
não acreditamos na alta de juros por lá. Aliás, achamos provável uma volta do
Quantitative Easing (QE4), seja em 2015 ou no início de 2016.
Não
vemos melhora da economia dos EUA e, apesar do dito crescimento de 5% do PIB no
terceiro trimestre, o FED decidiu ser “paciente” para elevar as taxas de juros.
Ora, se a economia está mesmo pujante como dizem, crescendo 5% a.a., por que
manter a taxa de juros em zero?
Na
nossa opinião, a economia dos EUA está tão fragilizada que não suportaria juros
acima de zero. Eles estão em uma fase de “recuperação” que já dura 6 anos; isso
depois de juros zero, QE1, QE2, QE3 e operação twist.
Como
vimos falando há anos, o FED não pode subir os juros sem causar o estouro da
bolha que ele mesmo criou. Caso os juros subam, os mercados acionários, que já
passaram dos 18.000 pontos, de bônus e de residências (o preço médio de imóveis
em Manhattan bateu recorde em 2014, passando de US$1,68 milhões) despencarão –
o que anulará toda a política de crescimento pelo chamado “efeito riqueza”
(quando o preço dos ativos sobe, as pessoas se sentem mais ricas e gastam mais
dinheiro, estimulando a economia).
Assim,
infelizmente, acreditamos que o FED vai continuar com sua política de juros
zero até que os mercados se dêem conta de que tal política não pode acabar
nunca sem uma grave crise.
Em
2014 vimos várias metas do FED serem “alcançadas”, sem que os juros subissem:
taxa de desemprego abaixo de 6,5%, inflação acima de 2% e o FED continua
paciente...
O
absurdo dessa taxa de desemprego é notado ao se ver a participação no mercado
de trabalho, que caiu para o menor nível desde 1976! Hoje existem mais de 90
milhões de americanos fora do mercado de trabalho. Não conseguimos ver isso
como exemplo de uma economia vibrante e em pleno crescimento!
Além
disso, o que os números não mostram é a qualidade dos empregos criados – de
baixo valor agregado. De acordo com o Departamento de Estatísticas do governo,
se um emprego de horário integral é perdido e são criados dois empregos de
meio-horário cada, há um ganho líquido de um emprego na economia. Ainda que
esses novos empregos de meio-horário tenham um salário total menor que o do
emprego de horário integral, que não tenham os mesmos benefícios e que sejam
totalmente incapazes de manter uma família, para o mercado, o importante é que
foi criado um emprego novo!
Um
risco que achamos que poucos estão levando em conta é o
da não-recuperação da economia norte-americana e de um aumento no programa de
estímulos à economia desse país - muito mais porque poucos acreditam que os EUA
ainda estão em crise.
Quando nos dermos conta e virmos que tal recuperação
inexiste – o que existe é somente uma alta nos preços dos ativos devido aos
programas do FED - e que o próprio FED não tem a menor intenção de parar de
imprimir dinheiro, vamos ver uma queda no dólar americano. Tal cenário trará
repercussões importantes para a economia mundial que acreditamos não estarem
sendo consideradas.
Vimos
em 2014 mais programas de estímulos dos Bancos Centrais Europeu, Chinês e
Japonês, com os mesmos resultados: alta nos preços dos ativos, queda na moeda e
no poder de compra da população.
O
risco de uma bolha imobiliária na China aumentou e vários analistas veem como o
maior risco à economia global. Muitos deveriam se perguntar se a China está
mesmo crescendo 7% ao ano, com o preço do petróleo caindo quase 50% de sua alta
esse ano, minério de ferro e outros seguindo o mesmo caminho... Quando a
economia da China era menor e ela crescia o mesmo tanto, os preços das
commodities explodiam. Como é possível que a economia chinesa agora, muito
maior que há alguns anos, possa crescer o mesmo tanto com impacto negativo nas
commodities importadas?
A
Bolsa japonesa também subiu bastante esse ano (quase compensando a queda no
iene), devido a mais estímulos à economia desse país. É incrível que as pessoas
continuem cometendo os mesmos erros esperando resultados diferentes. O Japão
vive um período tenebroso de baixo crescimento há décadas e nenhum estímulo
conseguiu mudar isso. O que eles (todos) precisam são justamente juros mais
altos e mais austeridade fiscal.
No
mundo todo, os Bancos Centrais veem imprimindo dinheiro e abaixando
artificialmente a taxa de juros, esperando fomentar o crescimento. O que eles
vão conseguir é uma inflação sem precedentes e uma desvalorização de suas
moedas.
Gostamos
do ouro como um ativo real que protege os investidores contra a insanidade dos
Bancos Centrais. Neste ano, o ouro novamente teve uma boa performance, subindo
mais de 10%. Esperamos bons números para 2015.